sexta-feira, 20 de abril de 2012

Comidinhas na rua




  Se você pensa que as opções para comer fora de casa se restringem aos restaurantes, está enganado. Nas entrequadras de Brasília são diversas as alternativas nas carrocinhas de rua para se fazer um bom lanche e até mesmo uma refeição, além do tradicional cachorro-quente. Macarrão, kebab, nhoque, pizza, churrasquinho e hambúrguer fazem parte do rol. E acredite: os sanduíches vegetarianos também conquistaram espaço. Com preços mais acessíveis que os encontrados em estabelecimentos formais, o cardápio de comidas oferecidas em quiosques e barraquinhas atrai a clientela.
            
  A montagem é simples. Quem passa pelo comércio local da 206 norte durante o dia não imagina que, a partir das 19 horas, de segunda a sábado, uma tenda rodeada por cadeiras e mesas passa a ocupar parte do estacionamento. É o Macarrão na Rua. À frente do fogão, o proprietário Estevão Saraiva serve os clientes desde 2002, fiéis até nos dias de chuva. “Adoro esse lugar. Sempre venho comer macarrão. Não importa se está chovendo, a comida é quentinha”, conta a artesã Nanrery Mendonça, que frequenta o local pelo menos uma vez na semana. As massas são artesanais e a sugestão de molhos agrada aos mais diversos paladares: al sugo, bolonhesa, quatro queijos, calabresa, carbonara e estrogonofe de frango. Por R$ 9,00 pode-se comer um talharim, espaguete ou nhoque com um desses molhos. Queijo parmesão ralado e folhas de manjericão fresco compõem o prato.


  Saraiva diz que o ambiente de rua e as velinhas coloridas acessas em cima das mesas chamam a atenção do público. O capricho com que as comidas são preparadas (com luvas, máscara, toalhas de papel e álcool em gel) e a limpeza do banheiro, que fica dentro de umas das lojas comerciais próximas ao local, podem ser observados pelos fregueses. A cultura se faz presente na tenda do Macarrão na Rua. Às sextas-feiras, grupos musicais tocam bossa nova e MPB. No dia mundial do nhoque, 29 de cada mês, é realizado um encontro musical no lugar. E como opção durante as apresentações, o cliente pode degustar uma taça de vinho a R$ 6,00 ou comprar a garrafa por R$ 24,00.
            
  Perto dali, também no estacionamento do comércio local, na 208 norte, o fotógrafo, filho de uma chef de cozinha, Flávio Rodrigues, há um ano investe nos adeptos da culinária vegetariana. Mesinhas móveis recicladas feitas com restos de madeira, banquinhos de plástico e toalhas de chita floridas enfeitam o ambiente. Uma lona branca cobre a parte onde ficam as panelas. O proprietário do Natura Dog fala que teve a ideia de montar o negócio por causa dos amigos. “Quase todos são vegetarianos”, afirma. E completa: “Vou mudar em breve o nome para Natura Veg”. O lugar é montado de quinta a domingo e funciona das 18h30 às 23h30. O diferencial da barraquinha é o sanduíche tipo cachorro-quente, porém natural. São duas as opções de pão: tradicional ou integral. As receitas foram elaboradas pela mãe de Flávio e a preparação é artesanal. Para rechear, almôndegas ou salsicha de soja, batata palha, milho, legumes, purê de batata, maionese de cenoura, pastas de alho ou azeitona, vinagrete e queijo. Pedir é fácil: basta marcar em um papel que fica em cima das mesas os ingredientes que deseja incluir no sanduíche. O preço varia de acordo com o pedido. Vai de R$ 5,00 a R$ 7,00. Sucos naturais, refrigerantes e cerveja fazem parte do cardápio e o reggae é a música que impera no ambiente.
           
  Pedaços de carne bovina ou de frango enfiados em um espeto de metal giratório assados na churrasqueira elétrica. Pequenas fatias são sobrepostas no fino pão sírio, chamado de pão folha, com molho de alho, alface, tomate picado e pasta terrine. O sanduíche é montado aos olhos do cliente. É o kebab.  A unidade sai a R$ 9,90. O quiosque, instalado na calçada próximo ao Posto da Torre no Setor Hoteleiro Sul, há três anos serve a clientela que aprecia iguarias árabes. Shawarma é o nome do espaço. Com a infraestrutura diferenciada, tem mesas fixas na rua, garçom, pessoal uniformizado e caixa. Caso queira usar o banheiro, o do posto está à disposição. Além do kebab, considerado carro chefe do local segundo os empregados do recinto, quibes e esfirras são servidos todos os dias, das 12 horas à meia noite. Várias marcas de cerveja podem ser consumidas no local, além de refrigerantes e sucos em lata. O jornalista Michel Aleixo faz do kebab o almoço dos domingos: “É sagrado. Adoro. É leve, bem servido, rápido e gostoso”.
           
  Mesmo ao lado de uma franquia de hambúrgueres famosa, o Espeto Lanches está sempre cheio. A estudante Mayara Souza é frequentadora assídua do trailer desde 2008. “Venho sempre aqui. O sanduíche é grande e o preço e vale a pena. Acho bem barato”, afirma. Com mesas e cadeiras fixadas no chão de cimento sob um toldo verde na entrada da quadra 409 sul, essa lanchonete de rua faz sucesso entre os fregueses. É o que conta o chapeiro e dono do lugar, Paulo Roberto Morais. “Estou aqui há 26 anos. Além dos esporádicos, tenho clientes fixos”, completa.  Os hambúrgueres de carne ou frango são de fabricação caseira. O sanduíche mais pedido na casa é o Cheese Burgão Salada, que custa R$ 5,00.  É preparado no pão com maionese temperada ao alho, alface, rodelas de tomate, queijo, hambúrguer de carne ou frango e fatias de calabresa tostadas na chapa. O apelido do proprietário deu nome ao ponto. Espeto, como é chamado pelos amigos, abre o trailer de segunda a sábado, das 18 horas à meia noite.


Bebidas alcoólicas
   A venda de bebidas alcoólicas nos quiosques e barraquinhas de rua é proibida pelos órgãos competentes de fiscalização do Governo do Distrito Federal. Mesmo assim, como constatado nessa reportagem, em alguns lugares, a comercialização se faz presente. Em alguns deles, as bebidas estão relacionadas nos cardápios. Em outros, expostas ao lado das comidas. Já no trailer Espeto Lanches, a cerveja não pode ser consumida no estabelecimento. “Tenho latinhas para vender, mas só para levar”, diz o proprietário.


Curiosidade
   Você sabia que três dos quatro lugares visitados nessa reportagem (Macarrão na Rua,  Shawarma e Espeto Lanches) aceitam cartões de crédito e débito? Normalmente se pensa que, por serem barraquinhas de rua, o pagamento só pode ser feito em dinheiro. Modernidade.



            

domingo, 15 de abril de 2012

Brasília: mosaico de sabores

           O mercado gastronômico da cidade está aquecido com a chegada de novos restaurantes. Nos shoppings, na orla ou espalhados pelas entrequadras, as casas com culinária requintada invadem a capital federal. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Jaime Recena, a procura do público por restaurantes está em constante ascenção. "A gastronomia é um patrimônio cultural e um propulsor econômico para o país", afirma. No Brasil, a despesa com alimentação fora do lar corresponde a 26% e emprega cerca de seis milhões de pessoas. 

           Em Brasília, os amantes da boa mesa podem escolher entre as várias opções de cozinhas em restaurantes mais sofisticados. Bom para o paladar, mas nem tanto assim para o bolso. Em média, a refeição com courvet, prato principal, sobremesa e sem bebida alcoólica, custa aproximadamente R$ 120 por pessoa.
Apesar do preço, vale a pena, pois o sabor não deixa a desejar. A arrumação da mesa, a apresentação dos pratos, o atendimento, o requinte do ambiente e até a música fazem parte da experiência na hora de comer. O La Tambouille, um dos restaurantes vindos de São Paulo que aportaram no Park Shopping, é um exemplo de que essas casas tem um diferencial. Ao entrar, a parede de plantas vivas remete ao frescor dos bistrôs franceses. Os pratos decorados com bordados de flores tropicais combinam com o estofado das cadeiras.
Inovações nos cardápios também fazem parte do rol. Como exemplo, a pizza de pétalas de rosas cristalizadas, servida na cama de sorvete de creme que é o carro chefe das sobremesas do Avenida Paulista. O prato já fazia sucesso em Curitiba, sede do restaurante, que traz alguns ingredientes diretamente da Itália para confecção das comidas. Uma pizza dessa, que serve oito pedaços, custa R$ 58,00.
O Coco Bambú, procedente de Fortaleza, busca a originalidade dos pratos nordestinos e também traz ingredientes frescos da terra, como os camarões, moluscos, mexilhões e peixes. Sempre com fila de espera aos domingos, segundo um dos proprietários do estabelecimento, Beto Pinheiro, o restaurante está dentre um dos mais procurados na capital. O Camarão Jangadeiro é uma boa pedida, pois o prato é bem servido. Arroz a grega, batatas douradas e camarões grandes empanados envoltos no catupiry  compõem a travessa. Dá para quatro pessoas e custa R$ 98,00.
Outros restaurantes que chegaram a Brasília atualmente e trouxeram inovações na gastronomia elegante são: Le Vin, Barbacoa, Antiquarius Grill, Mercado 153, Galetto’s, Pobre Juan, Bela Sintra e ‘Gero.

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 Mão de obra
O gerente do La Tambouille, Genésio Xavier, conta que trabalha para a rede há 15 anos. “Eu morava em São Paulo e vim com o restaurante, pois diziam que a mão de obra aqui é precária. Você vê isso nos serviços e, no restaurante, não é diferente. Na primeira semana que a gente abriu tinham oito garçons de Brasília e, três dias depois, só tinham dois”. Os contratados desistiram do emprego sem comunicar ao estabelecimento. Um dos argumentos citados por Xavier é a questão do profissionalismo. Ele acredita que em outras capitais, como por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro, os empregados são mais treinados e responsáveis. O atendimento ao público é então, na opinião do gerente, mais cordial e personalizado. “Eu já ouvia falar que o serviço deixava a desejar. É cultural".
O sommelier desse restaurante, Mário Vieira, também veio de São Paulo para Brasília com a equipe de um restaurante. O Bela Sintra, localizado na comercial da quadra 205 Sul, é um dos famosos e tradicionais da capital paulista. Vieira trabalhou durante sete meses na casa. Voltou para São Paulo, pois, segundo ele, o salário naquele estado é maior, logo que os empregados de um restaurante são comissionados. Sendo assim, casa cheia, mais dinheiro. Porém, como dito anteriormente pelo gerente Xavier, em Brasília falta mão de obra qualificada para o setor. O sommelier foi convidado a retornar à cidade, agora fazendo parte da equipe do La Tambouille.
Veja o que fala o profissional da área
A Avenida Paulista está há mais tempo em Brasília: um ano. Sediada em Curitiba, trouxe de lá os pizzaiolos e o departamento de recursos humanos, responsável pelo treinamento de pessoal. O garçon Honório Júnior está na casa desde a inauguração. Ele afirma que o restaurante sempre está lotado. Nos finais de semana, os clientes aguardam cerca de uma hora para conseguirem mesa. E completa: “aqui é mais perto do centro. Acho que a localização é importante para o público”.