Tradicionalmente feita da cana-de-açúcar, a cachaça faz
parte do cotidiano do brasileiro desde a primeira metade do século XVI. Na
visita da presidenta Dilma Rousseff aos Estados Unidos da América, no início de
abril, em encontro com o Chefe de Estado Barack Obama, houve o reconhecimento
da cachaça como um produto genuinamente nacional.
A bebida é comercializada em bares e restaurantes de todo
o país. Em Brasília, encontramos a cachaça em botecos e até mesmo em locais
mais requintados. A branquinha, como é conhecida por muitos, pode ser
considerada a bebida mais democrática do Brasil.
No Bar Piauí, inaugurado na capital há aproximadamente 27
anos, a carta de cachaças é grande. Conta com 66 tipos de rótulos. A mais cara,
Anisio Santiago, custa R$ 20,00 a dose. A mais barata, 51, sai a R$ 1,50 o
copinho. O garçom José Sousa Brito trabalha no estabelecimento há 10 anos e fala
que a bebida é muito pedida pelos clientes. “Quase todo dia vendo cachaça. Tem
aquele que senta à mesa e pede uma ou duas doses e vai para a cerveja. E tem
outros que ficam no balcão mesmo. Esses bebem só cachaça”, diz.
Porém a branquinha não é servida apenas pura. Diversos drinks podem ser preparados com cachaça.
Como exemplo, a caipirinha, bebida feita com limão, açúcar e gelo, e, é claro,
cachaça. Em média, um copo custa R$ 8,00 em bares da cidade. No Azeite de
Oliva, o cliente pode pedir caipirinha de morango. É a preferida das mulheres,
segundo o gerente da casa. Outra bebida montada com cachaça é o quentão, típico
das festas juninas. Misturada com gengibre e açúcar, a cachaça faz sucesso
também quente.
Na comercial da 307 Sul, o Nations Bar é especializado em
coquetéis. Mesmo assim, vende cachaças puras. Como a Sagatiba, cuja dose sai a
R$ 5,00, a Santo Grau, que custa R$ 7,00 e a Nega Fulô, a R$ 9,00. Mas o
diferencial do lugar são mesmo os drinks.
O barman Clau Nascimento gosta de
inovar e criar bebidas com sabores e cores variados. Sua criação mais recente é
a de nome Abaporu. Ele usa cachaça brasileira e frutas tropicais. “Pensei em
fazer uma coisa diferente. Então juntei maracujá, banana, laranja, xarope de
romã e cachaça. Ficou bem verão, bem praia. Refrescante”, afirma. Servida em
copo longo com pedras de gelo, a bebida custa R$ 14,00.
Bebida
socializante
Apreciadores da cachaça se uniram há 11 anos e estabeleceram
a Confraria da Cachaça do Brasil. Mensalmente o grupo se reúne para almoço,
onde é divulgado rótulos de produtores nacionais. A cachaça então é degustada e
avaliada pelos membros da diretoria da confraria. Se aprovada, recebe um
certificado de qualidade. Os confrades e confreiras somam aproximadamente 80
pessoas, em Brasília. A confraria está presente também no Rio de Janeiro e em
Belo Horizonte. O fundador, José Bonifácio dos Santos, o Boni, orgulha-se do
feito: “Como presidente da confraria posso dizer que fizemos muitas ações junto
ao governo para o reconhecimento da cachaça do Brasil. Hoje é um produto de
prestígio internacional”. O lema da confraria é: cachaça de qualidade, orgulho
do Brasil.
Curiosidades
. A cachaça é obtida por meio da destilação do melaço
fermentado da cana-de-açúcar. A graduação
alcoólica da cachaça varia entre 38% e 48% em volume.
. Por vezes, confundida com cachaça, a aguardente de cana
é um destilado alcoólico simples de fermentado do caldo da cana-de-açúcar. A
graduação alcoólica da aguardente de cana está entre 38% e 54% em volume.
. Em 1756, a cachaça passou a ser industrializada. Em
garrafa de louça, a Monjopina, produzida no Engenho Monjope, em Igarassu (PR),
começou a ser vendida em armazéns de secos e molhados.
. A bebida nacional ganhou seu maior reconhecimento no mundo
quando a Cachaça Pendão foi premiada no San
Francisco Word Spirits Competition, uma das mais importantes competições do
segmento. Entre 1.215 tipos de destilados de 61 países, ficou com a medalha de
prata em 2012.
. A Cachaça Anisio Santiago (antiga Havana – teve o nome
trocado por problemas de patente) é uma das cachaças nobres, facilmente identificada
nas degustações às cegas por aroma e sabor marcantes. Premiadíssima, é
considerada como a melhor cachaça do mundo. Produzida na Fazenda Havana, cidade
de Salinas (Minas Gerais), tem graduação alcoólica de 44,8% em volume.
. O Museu da Cachaça foi inaugurado no dia 10 de dezembro
de 1998. Situado no município de Lagoa do Carro, a 60 quilômetros de Recife,
possui uma coleção que faz parte do Guiness
Book, o livro dos recordes. São 7.124 garrafas, produzidas no Brasil e em
outros 24 países, reunidas ao longo de duas décadas pelo empresário José Moisés
de Moura. O museu recebe cerca de 50 visitantes semanais e o bilhete de entrada
custa R$ 1,00. Ao final da visitação, o público pode degustar diferentes marcas
de cachaça no bar do espaço.
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